Consideramos ser importante que a leitura a ser pensada e realizada para os bebês seja planejada de maneira que, mesmo desde muito pequeninas, as crianças tenham oportunidade de participar de experiências significativas com o uso da língua materna, em momentos especialmente organizados pelos educadores.
A literatura é um gênero importante para que o bebê vivencie momentos de encantamento ao ouvir a leitura ou contação de uma bela história. Essa experiência, que tratamos como apreciação estética, é um dos primeiros contatos que a criança terá em sua vida com a linguagem artística, pois para nós, literatura é arte!
Para tanto, pretendemos que a utilização de livros de histórias infantis que causem encantamento aos olhos e ouvidos de nossos bebês, livros com histórias essencialmente belas, com palavras que encantem pela sonoridade de cadência do texto.
Cremos que a preparação – o planejamento da atividade deve ser valorizado e potencializado, assim como o registro e a avaliação de alguns desses momentos.
Para que a intenção inicial, a de causar encantamento aos bebês e, ao mesmo tempo, possibilitar que eles brinquem com as histórias e com os livros, a seleção do acervo deve ser bem cuidada e fazer parte dessa ação didática.
Yolanda Reyes, uma pesquisadora colombiana e importante ativista no que se refere ao trabalho de leitura para bebês. Publicou vários livros e artigos sobre a mediação de leitura e atualmente, dirige o Instituto Espantapájaros, em Bogotá. Em seu artigo “Como escolher boa literatura para crianças?” (2011) explicita que para a escolha da boa literatura não há receitas. Porém, descreveu alguns apontamentos descobertos por meio de suas pesquisas, que podem nos auxiliar a refletir sobre esse planejamento, que deve ser cuidadoso! Apesar do caráter subjetivo das escolhas, podemos pensar em 5 aspectos a serem considerados para a seleção do acervo de livros:
- Ler para crianças;
- Ler o livro, panoramicamente;
- Envolver as crianças na pesquisa;
- Buscar assessorial;
- Não confundir obra literária com livro didático. (REYES, 2011, online).
Ao lermos para as crianças, antes de qualquer coisa, Reyes afirma que devemos ter a capacidade de lermos as crianças. Em outras palavras, necessitamos compreender a subjetividade que elas apresentam, pensarmos em: quem são? O que gostam? Cotidianamente, o que elas demonstram gostar? E, não menos importante, ler o que elas não nos dizem.
A brincadeira também deve ser valorizada para que possamos nos aproximar do modo que cada criança é. Saber o que sentem, o que os faz rir ou chorar, quais são as suas predileções diante dos livros com que tem contato – isso tudo nos auxiliará a chegar mais perto dos gostos pessoais de cada criança, cada bebê. A autora afirma que a sabedoria instintiva, diante dessas observações vão aos indícios das leituras e livros mais indicados para cada um, pois, segundo Reyes (2011, online): “[…] nenhum especialista sabe o que você sabe sobre essa criança concreta que espera aquele livro em particular, em um momento precioso da vida”.
Ler o livro panoramicamente, significa fazer o mesmo movimento que realizamos ao lermos uma embalagem de alimento ou uma capa de CD para compra, por exemplo. Com o livro, as perguntas habituais devem vir, segundo a perspectiva desta autora e de muitos outros teóricos que corroboram com ela, antes mesmo de se pensar se ele tem capa dura ou se oferece adereços para chamar a atenção dos pequenos, em detrimento ao bom texto!
Por Sheilla André
Gerente do Centro de Formação Uniepre
centrodeformação@uniepre.com.br
Para Saber mais:
REYES, Y. Como escolher boa literatura para crianças?: buscando critérios para escolha de livros. Revista Emília, [S.l.], set. 2011. Disponível em: http://www.revistaemilia.com.br/mostra.php?id=9. Acesso em: 22 ago. 2015.