As Relações Educador no Contexto Escolar Educador & Bebê e Escola & Educador
A influência e o efeito que as relações estabelecidas entre adultos e crianças exercem entre si devem estar no centro das atenções das instituições escolares, principalmente aquelas que estão voltadas para o atendimento da Primeira Infância. O foco é a criança. Porém, o educador também precisa ser olhado, compreendido e respeitado para que construa boas relações com os bebês com quem interage diariamente.
É possível observar que as relações entre os educadores e seus bebês dependem fundamentalmente das relações que a escola estabelece com seus educadores. Para tanto, a proposta pedagógica de uma escola deve dar sustentação para toda e qualquer interação estabelecida no ambiente escolar. O projeto político pedagógico precisa contemplar as concepções de criança e de educação, e entender que estão diretamente interligadas com a forma de ver e compreender o homem, a aprendizagem, o professor e a formação continuada do educador. Os princípios, valores e concepções devem ter significado para todos os envolvidos nos processos educativos. As interações de qualidade somente fazem sentido caso sejam contempladas em todas as relações que ocorrem em uma instituição escolar, pois trata da forma como as pessoas e os processos são compreendidos. Não nos referimos aqui a um método, ou uma metodologia, mas do como a vida faz sentido, mediante a forma como as pessoas são afetadas umas pelas outras, ou seja, da forma como as interações acontecem.
O livro “O cuidado com bebês e crianças pequenas na creche”, traz dez princípios baseados na filosofia do respeito, formulados por Magda Gerber. Estes princípios têm grande valia para as interações educador & criança, podendo ser contemplados também na relação formador & educador.
Abaixo seguem os dez princípios da Filosofia do Respeito. Para cada item, elaborados por Magda Gerber, realizamos na Uniepre um paralelo contemplando a relação do formador com seus educadores.
Princípios elaborados |
Princípios elaborados |
Envolva bebês e crianças nas coisas que dizem respeito a eles. |
Envolva os educadores nas coisas que dizem respeito a eles. Compartilhe e seja parceiro dos educadores nos fazeres pedagógicos da escola, trazendo sentido a sua prática e aos seus planejamentos. |
Invista no tempo de qualidade com os bebês. |
Invista no tempo de qualidade com os educadores. Organize sua rotina de forma a contemplar encontros pedagógicos, buscando em seus relatos observações e registros dados para intervenções significativas, no intuito de “intencionalizar” a prática educativa. |
Aprenda as formas únicas por meio das quais as crianças se comunicam e ensine-as as suas. |
Aprenda as formas únicas por meio das quais seus educadores se comunicam e ensine-os as suas. Faça uso da observação e do registro para colocar em evidencia as concepções que o educador apresenta nas suas ações e falas com as crianças. Torne-as explícitas para que o educador compreenda melhor as escolhas pedagógicas que realiza. |
Invista tempo e energia para construir uma personalidade completa do bebê. |
Invista tempo e energia para contribuir para a construção de uma personalidade completa do educador. Pense no educador como um ser histórico e que se constitui mediante a um tempo e a um espaço. Considere não só o conhecimento técnico, mas seus sentimentos e emoções. |
Respeite bebês e crianças como pessoas valiosas. |
Respeite os educadores como pessoas valiosas. Ofereça este sentimento compartilhando planos, ideias e sentimentos. O desenvolvimento profissional do educador precisa ser respeitado e compartilhado com ele. |
Seja honesto em relação aos seus sentimentos. |
Seja honesto em relação aos seus sentimentos. Os elogios e pontuações devem ser sinceros e pautados em fatos observados, sempre no diálogo aberto com o educador. |
Seja o modelo do comportamento que você quer ensinar. |
Seja o modelo do comportamento que você quer ensinar. Se o que deseja é que os educadores estabeleçam comunicação, cooperação, escuta, respeito e atenção com os bebês, suas ações para com eles devem ser as mesmas. |
Encare os problemas como oportunidades de aprendizado e deixe que os bebês e crianças os resolvam sozinhos. |
Encare os problemas como oportunidades de aprendizado e deixe que os educadores os resolvam sozinhos. O erro do educador deve ser visto como oportunidade de reflexão e ressignificação do seu olhar e das suas ações. O educador precisa ter autonomia para rever sua prática. |
Construa confiança ensinando confiança. |
Construa confiança ensinando confiança. Para que a cooperação seja estabelecida entre formador e educador, é necessário que haja admiração, respeito e confiança no trabalho dos envolvidos. O formador precisa se colocar no lugar daquele que está para participar, ajudar e compartilhar. |
Preocupe-se com a qualidade do desenvolvimento em cada estágio. |
Preocupe-se com a qualidade do desenvolvimento em cada estágio. Saiba priorizar ações de formação e de intervenção pedagógica, respeitando o ritmo de cada educador. |
Este diálogo existente entre os princípios pensados nas relações educador & bebê e formador & educador. Parte da coerência das ações contempladas em um projeto pedagógico e da crença que aprendemos fundamentalmente pelo modelo e não pelas palavras.
Por Patricia Bignardi
Gerente do Núcleo Pedagógico – UNIEPRE