Durante muito tempo os berçários cumpriram o papel de ser um espaço limpo, organizado, com uma alimentação adequada e que tivessem pessoas que cuidassem das crianças, para que as mães pudessem trabalhar fora. Durante o tempo que as crianças permaneciam na escola eram banhadas, alimentadas, dormiam e, se tivessem “sorte”, tomavam banho de sol em um dos períodos do dia.
O choro sempre foi muito presente nesses espaços, ou pelo excesso de estímulo visual, corporal, musical, o que levava os bebês à exaustão física e emocional, ou pela ausência de estímulo, ou seja, os bebês permaneciam por horas e horas confinados nos carrinhos, bebês-conforto, berços, ou nos tão conhecidos “chiqueirinhos”, aguardando o momento da alimentação, da troca ou do banho, que na maioria das vezes não duravam mais do que cinco minutos, devido à grande quantidade de bebês por adultos.
Infelizmente, embora o relato acima esteja no verbo passado, essa ainda é a realidade de muitos berçários, um local onde os bebês ficam enquanto suas mães trabalham, que ainda os definem como seres passivos, frágeis e incapazes, e que acabam por orientar práticas de cuidados rotineiras, frias e impessoais, as quais de alguma forma afetam o desenvolvimento pleno e saudável da personalidade das crianças enquanto adultas.
Na UNIEPRE, nossos bebês e nossas crianças ocupam outro espaço; são reconhecidos e concebidos de maneira bem diferente. Acreditamos que as crianças, desde o nascimento, são sujeitos ativos, potentes e competentes, que aprendem observando, tocando, e experimentando.
Mas, como isso acontece na prática?
A UNIEPRE compartilha da quebra de uma concepção assistencialista, espontaneísta e conteudista na Educação Infantil, em que a criança pequena só tinha direito de ser “cuidada”, ou seja: de obter a satisfação das suas necessidades básicas como alimentação e higiene, ou de ser mera receptora e repetidora de informações descontextualizadas e sem significado.
Uma das nossas inspirações é respaldada na abordagem desenvolvida por Emmi Pikler (1902-1984), a qual destaca a importância de se respeitar cada criança, a fim de que esta se desenvolva em um ambiente amoroso, respeitoso e seguro, e seja determinada e feliz.
A Abordagem se baseia em quatro princípios:
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O Valor da atividade autônoma, em que a educadora respeita o tempo de cada criança, proporcionando o prazer de agir livremente. Desta maneira não antecipamos nenhuma fase do seu desenvolvimento motor, não colocamos a criança em uma posição que não tenha sido conquistada por ela mesma.
Sendo assim, as crianças com boa saúde física e psíquica passam por todas as etapas da motricidade por sua própria conta e em determinada ordem, sem que os adultos precisem ensiná-las a sentar, engatinhar ou mesmo andar. Não é bom adiantar nenhuma fase, nem colocar a criança em uma posição que não tenha sido conquistada por ela mesma.
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A relação afetiva privilegiada. É importante que as educadoras estabeleçam vínculos conscientes e seguros, através dos cuidados cotidianos, como por exemplo nos momentos da alimentação, do banho, da troca de fraldas, ou de roupa e na preparação para o sono.
São nesses momentos que as educadoras têm a oportunidade de estar disponíveis só com uma criança, sem pressa, conversando, olhando em seus olhos, informam sobre cada uma das atividades que irão realizar, convidando-a a participar de maneira ativa. A educadora estimula a reciprocidade ao pedir desde muito cedo a colaboração da criança nas atividades dos cuidados cotidianos. A criança se torna protagonista da ação; assim é que se estabelecem as bases para a construção de uma relação harmoniosa e recíproca na relação.
- A necessidade de oportunizar às crianças espaços e ambientes adequados através de brinquedos, materiais e mobílias para cada faixa etária. O espaço adequado é determinante para que as pesquisas realizadas pelas crianças tenham êxito, como por exemplo: o piso rígido e o espaço seguro. O brincar livre proporciona o desenvolvimento motor, cognitivo e a autonomia.
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O bom estado de saúde das crianças.
O resultado desse conjunto aplicado são crianças confiantes e alegres, que se desenvolvem harmoniosamente e compreendem os adultos, naturalmente.
Por: Flávia Vasconcellos
Diretora Pedagógica – UNIEPRE