O nome próprio está presente na vida das crianças desde o período intrauterino, muitos, desde lá já ouviam seus pais e familiares os chamarem… Portanto, é lugar comum ressaltar a importância que o nome pronunciado e o registro escrito têm na vida dos pequenos! Porém, refletir sobre o papel que essa escrita representa na etapa da educação infantil, consideramos ser um tema que não se esgota.
No espaço coletivo, e especificamente em nossa unidade escolar – CCI Nosso Mundo de Amor, desde o grupo do berçário, há convívio com experiências, significativas, que as fazem conhecer os seus nomes e os de seus colegas. Ou seja, ainda bebês, brincam com as sonoridades dos nomes, por meio de cantigas populares do universo infantil e, também, em momentos de Roda da Chamada.
Cremos na potencialidade do nome próprio como valor identitário e, também, conforme o desenvolvimento e a curiosidade de cada criança, percebemos que elas pedem para explorar, mais ainda, o universo das letras. Pois a leitura das histórias, e situações diárias dentro da creche, expõem os pequenos a diversas situações sociais de leitura. Porém, há um momento no desenvolvimento deles, e isso ocorre de maneira muito particular para cada criança, que a leitura e a apreciação do escrito já não bastam mais! Elas passam a desejar saber mais e mais sobre o curioso mundo escrita.
Segundo Teberosky (1997) há um importante aspecto a ser considerado e apreendido pelo sujeito: a convenção social da escrita, que é aprendida por meio da interação social:
Tentamos demonstrar que o conhecimento da linguagem escrita começa muito antes do ensino formal, que ele tem uma origem extraescolar. Todos os conhecimentos sobre a escrita? Evidentemente não, pois se todas as aprendizagens fossem pré-escolares não haveria analfabetismo. Quisemos demonstrar que a criança e o adulto sabem outras coisas que se supõe que eles não sabem. Classificamos esses conhecimentos não-escolares em dois tipos: representação sobre as condições da linguagem que se escreve e representação das propriedades perceptivas gráficas e da relação entre escrita e linguagem. Esses conhecimentos derivam das interações entre as representações internas dos sujeitos e as propriedades externas da linguagem escrita e da escrita como sistema notacional. No processo de aprendizagem, os indivíduos não podem deixar de levar em consideração que a escrita e a linguagem escrita obedecem a regras ou convenções de funcionamento. Nem todas as regras e convenções, porém, são evidentes por si mesmas; algumas delas requerem uma prática mais ajustada, compreendida e compartilhada com outros, isto é, requerem o ensino. Por isso, grande parte da aprendizagem normativa é frequentemente realizada em situações institucionais, particularmente na escola (TEBEROSKY, 1997, p. 70).
Para as crianças que estão na etapa final da educação infantil, a leitura e o registro (à sua maneira) do nome próprio, são consideradas as primeiras reflexões formais da escrita que as crianças vivenciam. Nesse movimento, elas pesam sobre o que a escrita representa, a sua organização e a sua estabilidade. Diante disso, qaundo os pequenos nos sinalizam esse interesse dispomos a eles espaço e recursos para que possam se arriscar a escrever. Mas, sempre à sua maneira!
Referência:
TEBEROSKY, Ana. Aprendendo a Escrever. São Paulo: Ática, 1997.
CCI Nosso Mundo de Amor – SSP
Coordenadoras Luana Gonçalves e Eliane Lopes