São frequentes os momentos de conversas, com as educadoras e com pais de alunos, sobre a quantidade de vezes que falamos das crianças e não com as crianças. Sempre insisto com os adultos nessa ideia: “Não fale somente sobre as crianças, mas fale com as crianças.”
Acredito que a ausência de um diálogo verdadeiro com as crianças tem seu princípio na forma como concebemos a criança e a infância. Caso a criança não seja concebida como atores sociais e a infância como uma entidade socialmente construída, com certeza o diálogo será permeado por falas que somente narram o que estamos fazendo com a criança, de forma impessoal ou mesmo por palavras de repreensão.
No livro “Educar os três primeiros anos – a experiência de Lóczy”, organizado por Judit Falk, há relatos de algumas pesquisas a respeito do tipo de fala que os educadores estabelecem com as crianças. Abaixo seguem dados obtidos na obra:
Diversas pesquisas com trabalhadores de berçário constataram que:
1. A linguagem do educador consiste em ordens e proibições.
2. As respostas são impessoais, sem conteúdo, com um vocabulário pobre.
Perceber a criança na sua singularidade, e na crença de que compreende e deseja ser compreendida, resultam em relações repletas de interações e de diálogos verdadeiros. O educador precisa estar presente de corpo e de alma, pois a criança sempre busca um olhar e uma fala que a respeite na sua forma de se comunicar.
Qualquer assunto que envolva a uma criança, converse, pergunte e compartilhe com ela, dessa forma, as relações ficam mais prazerosas, os conflitos são resolvidos com mais tranquilidade. Assim, desenvolve-se o sentimento de competência e de ser uma pessoa de direito e verdadeiramente participativa.
Por: Patricia Bignardi
Coordenadora Uniepre