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O que será que aproxima mais as crianças dos livros?
A voz do contador de histórias, ou a voz de quem lê o texto na íntegra?
Este foi o tema abordado em um de nossos encontros de formação de educadoras da unidade do CDI Aché UNIEPRE.
Os estudos associados às reflexões e observações da nossa prática nos mostram que ler e contar histórias são ações distintas, porém ambas de suma importância para a formação de leitores competentes.
Assim como na história do “Flautista de Hamelim”, a voz do contador de história tem o poder de encantar e seduzir os ouvintes, não existe um “script” fechado para se contar uma história, uma preocupação em ser fiel ao texto escrito. O improviso do narrador é fundamental e causa surpresas agradáveis para as crianças.
O contador de história pode fazer desse momento um encontro interativo, que promova a participação ativa dos ouvintes, estimulando a liberdade vocal, facial e corporal.
O brincar com as palavras é um convite, desmontando-as e recombinando-as novamente.
Diferentemente de contar, o ato de ler uma história, exige toda uma preocupação do leitor em ser fiel à leitura do texto escrito pelo autor, respeitando e seguindo as normas da língua escrita, completamente diferentes daquelas das linguagens faladas, utilizadas nas narrativas do contador de histórias.
Ao lermos histórias para os pequenos, ou seja, a prática da leitura em voz alta, promovemos um encontro com um modelo de leitor.
A criança curiosa por natureza percebe que o transbordamento de linguagem saída da boca do leitor se relaciona com as marcas escritas; por conseguintes, essas marcas se tornam objeto de desejo infantil.
A atitude leitora do adulto, sua posição corporal, sua concentração na escrita, o deslocamento do olhar, a troca de páginas, as ilustrações, estarão favorecendo às crianças um encontro com os livros como leitores “não convencionais” nessa etapa, capazes de reproduzir a prática da leitura como atividade social e como leitores convencionais no “futuro”.
A maneira como a criança estabelecerá contato com a leitura pode se dar sob a forma de história contada ou lida. Mas, uma coisa é fato: as duas práticas de manifestações literárias favorecem a formação de um leitor/ouvinte competente, sensível e crítico, capaz de apreciar estas produções artísticas como bem cultural a que tem direito.
Por: Regina Rufino
Coordenadora Pedagógica
Unidade Aché & UNIEPRE