Desde muito pequenas, as crianças estão envolvidas com a matemática em diferentes situações do cotidiano. Exploram as propriedades dos objetos, e os espaços; recitam a sequência numérica em suas cantigas e brincadeiras, e observam e comparam pesos e medidas.
Por que então a Matemática ainda é vista como um eixo de trabalho difícil e temido por diversos alunos?
Porque para esses alunos, a Matemática não foi apresentada como um espaço para expor, ouvir, comunicar, formular e argumentar procedimentos utilizados na resolução de problemas. Para eles, a aprendizagem se dá por repetição num contexto totalmente descolado da realidade.
Assim, para aprender, bastava fazer com que as crianças repetissem e memorizassem os conteúdos apresentados numa ordem linear, partindo dos mais fáceis para os mais difíceis. Os números ganhavam uma roupagem infantilizada (bocas, olhos, nariz, etc.). Tudo para garantir que as crianças aprendessem por associação.
A ampliação crescente sobre os estudos acerca da primeira infância e o modo como as crianças aprendem, permitiu-nos questionar essa concepção mecanicista que restringiu durante décadas a aprendizagem da matemática a experiências de repetição e memorização.
Hoje se sabe que entrar no universo dos números implica em compreender o significado do que há por trás deles e das suas regras. As crianças precisam, desde a educação infantil, ter oportunidades de desenvolver o pensamento matemático. Assim como ocorre na alfabetização, os alunos também constroem hipóteses sobre as quantidades, a escrita dos números e o valor posicional de cada um deles, cabendo ao educador propor situações para que gradativamente as crianças avancem em suas hipóteses sobre os números e suas regularidades.
As situações cotidianas oferecem inúmeras oportunidades no que se refere ao ensino da matemática. Construir torres, pistas, e até mesmo empilhar caixas permite às crianças a possibilidade de representar o espaço numa outra dimensão, além de construir conceitos relacionados a grandezas e medidas dentro de um contexto significativo.
Os jogos são uma importante ferramenta para o trabalho com a matemática; criam boas oportunidades de aprendizagem. Porém, o jogo por si só não garante o acesso aos conhecimentos matemáticos. Parar a partida e tentar antecipar jogadas e resultados faz com que as crianças realmente tenham a oportunidade de desenvolver um pensamento matemático; ideias que são evidenciadas por meio das perguntas que o professor faz ao longo das partidas.
Os jogos de percurso, aqueles onde a criança faz o deslocamento de um objeto à medida que lança os dados, permite fazer correspondências, contagens 1 a 1 e se familiarizar com resultados aditivos e antecipações. Por seu caráter coletivo, permite ainda que as crianças aprendam a esperar sua vez, acostumando-se gradativamente com as regras.
As situações-problema permitem que as crianças realizem contagens, acrescentando ou tirando uma quantidade da outra, ou quando distribuem pincéis para os colegas, executam ações relacionadas à noção de número e operações matemáticas.
Vale salientar quer a mudança de concepção traz a matemática para um cenário repleto de possibilidades significativas, seja com os jogos, ou com as brincadeiras e as intervenções dos educadores como aspecto fundamental para o desenvolvimento do pensamento matemático.
Por: Cristiane Butscher
Coordenadora Pedagógica
Unidade UNIEPRE & INOVAT